quinta-feira, 21 de abril de 2011

tenho saudades tuas

-Tu mudas-te muito ou eu nunca te conheci verdadeiramente? - Perguntei-te enquanto me deixei cair sob o meu corpo trémulo e recioso da tua resposta.
- Quem mudou foste tu. Tu. 
- Mudei? Interroguei-me por instantes quando por fim te respondi : Continuo a mesma. A mesma de sempre. Continuo a esperar por ti todos os dias, com excepção de já não correr na calçada repetindo inúmeras vezes as expressões que usas e desenhar o teu nome a giz nas pedras acinzentadas, gastas com a erosão do tempo. Sou a mesma. E o problema é esse. Tu mudas mas os sentimentos não. Gosto de ti em porções exageradas de afecto que não chegam a ser amor. E gosto de ti por nada de ti saber. Cativas-me a alma, incendeias-me o ser de curiosidade e desejo de te descobrir. Por isso não fico desiludida se me disseres que nunca te conheci verdadeiramente.
- Tu conhecias. Sabias tanto de mim que me assustava. E por isso partia de ti, e sufocava-te em silêncios durante noites e noites em que eu sabia que esperavas por mim. Tinha medo de te danificar o ego quando me descobrisses por compelto ; por isso mudei. Mudei muito.
- E ainda tens medo?
- Agora falta-me é a vontade de ser descoberto. De me dar a descobrir.

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